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Análise - Introdução

Os Aymara são um povo nativo dos altiplanos dos Montes Andinos da Bolívia, e tem uma visão que é única, dentre os povos conhecidos.

 

Eles chamam o futuro de "qhipa pacha/timpu", que significa atrás, e o passado de "nayra pacha/timpu", que significa a frente. E eles gesticulam para a frente enquanto se lembram de coisas passadas, e para trás quando falam do futuro.

 

Os porta-vozes Aymara consideram a diferença entre o que é conhecido e não-conhecido como de suprema importância, e o que é conhecido é o que você vê em sua frente, com seus próprios olhos.

 

O passado é conhecido, portanto ele está à sua frente ("nayra", ou "passado", significa literalmente "olho" ou "visão", assim como "frente"). O futuro é desconhecido, por isso ele está atrás de nós, onde não podemos ver.

 

Musicos Aymara em Uyuni, Sul da Bolívia

Foto de Juan Karita

"... e tomando por base os resultados das minhas análises estatísticas, as quais englobam dados de quase 1.000 dias, posso afirmar, com segurança, que tenho um futuro maravilhoso à minha frente, seguro e confortável, no qual serei muito bem tratado e alimentado com fartura, com todas as minhas necessidades devidamente atendidas..."

 

Afirmação de um peru, na ante-véspera do Dia de Ação de Graças

 

(Baseado no exemplo de Nassim Nicholas Taleb, em seu livro "A Lógica do Cisne Negro)

Sob sua ótica mais ampla, todas as formas de análise de dados se baseiam em trabalhos estatísticos, os quais podem ser divididos em dois grandes grupos: correlacionais ou experimentais.

 

Nas análises correlacionais, as pesquisas são feitas com ferramental matemático, sobre dados já existentes, e, portanto, sem interferências do pesquisador nos mesmos. Já nas experimentais, como o próprio nome diz, o pesquisador causa alterações nos dados iniciais, de forma a observar o resultado obtido, as variâncias e repetições dos mesmos, e dai tirar conclusões para a formulação de um modelo.

 

Portanto, como já entendiam os Aymaras, o futuro é invisível para nós, e nenhuma forma de análise é capaz de prevê-lo com segurança, uma vez que estaremos, sempre, expostos aos efeitos de variáveis imprevisíveis. 

 

O estudo "Prevendo o Imprevisível" (Sebastian Reich - Departamento de Matemática - Universidade de Potsdam - 2012), é um entre muitos exemplos das tentativas feitas para minimizar essa constatação. Entretanto, ele conclui com a consideração de que o acontecimento "imprevisto" caracteriza um "estado de erro" do modelo, e o desqualifica, assim como a eliminação dos "outliers" (dados aberrantes ou atípicos), faz parte da fase de preparação de dados tradicional para a análise.

 

Portanto, quaisquer resultados providos por uma análise preditiva de dados devem ser tratados como inferências Bayesianas, ou seja, como uma hipótese teórica, a qual deve ter seus resultados confirmados, seus "outliers" rejeitados ou acolhidos como verdadeiros, invalidando o modelo.

 

Para fins de estudo, recomendo a página "https://www.statsoft.com/textbook", bastante completa sobre o ferramental estatístico básico de que dispomos hoje, assim como o livro "A Lógica do Cisne Negro", citado acima, a respeito da imprevisibilidade.

 

Creio a narrativa desta constatação possa ser encerrada com as seguintes citações do documentário "A Vida Secreta do Caos" (BBC Documentary - 2013):

 

Professor (Matemática e Física - Universidade de Oxford) Lord Robert May: "...pode-se dizer que regras ou equações muito simples, sem nenhuma aleatoriedade nelas, completamente determinadas, ou seja, a respeito das quais se sabe tudo, podem produzir resultados altamente imprevisíveis"

 

Professor (Física Teórica - Universidade de Surrei) Jim Al-Khalili: "Um sistema que é completamente descrito por equações matemáticas conhecidas, é mais que capaz de se tornar imprevisível, sem qualquer interferência exterior" - sobre a definição cientifica de caos.

Análise - Introdução

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