Paulo Sasaki & Consultores Associados
Artificial Intelligence, Deep Learning, Big Data, Ciber Security
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Inteligências - Introdução - Página 2
Em seu livro de 1997 (“Pale Blue Dot” - Pálido Ponto Azul), o astrônomo Carl Sagan enfatiza aquela que, talvez até mais que a inteligência, seja a característica mais tipicamente humana: o egocentrismo.
Historicamente, o ser humano empenha-se na distinção de sua unicidade, e uma vez que somos os únicos a nos expressarmos linguística e logicamente (aparentemente), criando significados e um corpo cultural baseado neles, atribuímos a tais características o peso de nossos desejos. Entretanto, como também é mostrado em seu livro, até hoje nossas tentativas foram sucessivamente frustradas.
O mesmo me parece ser o caso da inteligência.
Estudos apresentados na revista “Current Biology”, de Washington D.C., efetuados por Erica Cartmill e Richard Byrne da Universidade St. Andrews, na Escócia, demonstram que orangotangos são capazes de se comunicar racionalmente (através de gestos), reconhecendo quais foram bem-sucedidos em sua comunicação e quais falharam.
Os gestos bem-sucedidos são repetidos quando da necessidade da situação, enquanto os falhos são abandonados. Os mecanismos básicos da comunicação humana são utilizados por eles, mudando apenas o veículo de sua transmissão.
Os cães são conhecidos por aprenderem a reconhecer (e a responder adequadamente), os rostos e cheiros familiares, reagindo agressivamente a desconhecidos. Tais distinções exigem diversas das características atribuídas à inteligência.
As baleias-macho repetem longas sequências sonoras, as vezes interrompendo-as ao meio, para retomá-las posteriormente, exatamente do ponto em que pararam, muito tempo depois.
A natureza está repleta de evidências de, no mínimo, formas rudimentares de comportamento inteligente. Assim como nosso andar ereto é mais sofisticado que o de nossos parentes símios, também o são nossas manifestações de comportamento inteligente.
No Século XIII, o filósofo inglês e monge Franciscano, William of Ockham (1285-1349), apresentou um princípio minimalista ou de parcimônia, com os termos "Pluralitas non est ponenda sine neccesitate" ou "acréscimos não devem ser feitos desnecessariamente."
Seu uso ao longo dos anos modificou seu enunciado, tornando-se no que é chamado hoje de “a navalha de Ockham”, o reformulando para “se há várias explicações igualmente válidas para um facto, a mais simples é a mais provavelmente correta", que de uma forma geral, aponta para o caminho mais simples e sensato como sendo o melhor candidato à explicação de um fato.
Então, qual seria o mais sensato no entendimento da inteligência? Que uma única raça desenvolveu uma habilidade inédita no mundo biológico circundante, completamente distinta e à parte dos outros, ou que a mesma é apenas um passo evolucionário adicional, somando características anatômicas e funcionais aos mecanismos já existentes, aumentando seus potenciais e, consequentemente, seus resultados?
Por Ockham, nossos trabalhos baseiam suas premissas na segunda hipótese, considerando a inteligência um resultado colateral e adicional, de nossas características físicas e nosso histórico evolucionário.
Inteligências - Introdução - Página 2