Paulo Sasaki & Consultores Associados
Artificial Intelligence, Deep Learning, Big Data, Ciber Security
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Inteligências - Natural
Inteligência Natural
Partindo-se dos pressupostos de que
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Inteligência é um conjunto de funções capazes de responder, da forma mais adequada a um objetivo, à um estímulo externo
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A inteligência é um resultado colateral e adicional, de nossas características físicas e nosso histórico evolucionário
, podemos buscar exemplos de suas manifestações, mesmo que rudimentares, nas mais distintas formas de vida ao nosso redor
Uma pequena instrutora caseira
Num dia de verão, sentado em um banco em meu quintal, notei uma aranha muito pequena (menos de 1cm de diâmetro, contando a extensão de suas patas), se aproximando de mim.
Como estava de chinelos, e não gosto da ideia de maltratar animais, minha reação, instintiva, foi bater o pé fortemente no chão.
Isso fez com que ela interrompesse sua marcha imediatamente, e se afastasse, parando um pouco atrás da posição em que estava no momento da batida, e lá permanecesse, imóvel, e voltada no mesmo sentido do curso que seguia anteriormente.
Fiquei curioso não com o retrocesso, mas com a parada. Era como se aquela minúscula criatura tivesse uma “ideia em mente” (seguir seu curso original), mas ao detectar uma potencial ameaça (vibrações no solo e no ar sentidas por ela), ela “decidisse” recuar um pouco, mas não completamente (a “ideia original” se mantinha), e parasse para “confirmar” a gravidade da ameaça.
Decidido a tentar entender aquele processo um pouco melhor, voltei a bater com o pé no chão, desta vez com mais força. Isso fez com que a pequena aranha recuasse mais alguns centímetros, parasse e voltasse a se posicionar como da vez anterior.
Aparentemente comprovando, ao menos parcialmente, o raciocínio inicial, decidi ficar quieto. Após algum tempo (considerado como “suficiente” pela pequena criatura), ela retomou seu curso original. Hesitante e lentamente a princípio, como que se “confirmando” que a ameaça havia mesmo se ido, e tão rápida e decididamente quanto quando a vi, logo depois.
Curioso o suficiente para desrespeitar o direito de ir-e-vir da pequena criatura (afinal, nunca se sabe quando se vai encontrar uma aranha adequada e em momento propício novamente para testes), decidi tentar um último experimento: levantei e comecei a bater fortemente os pés no chão, me aproximando dela a cada passo (o que indicava um aumento da intensidade e proximidade do perigo). Nesse momento (mais especificamente após o segundo “pisão”), ela disparou em uma correria, mudando de direção a cada passo que eu dava, mas nunca na minha direção, até se esconder em uma fresta na parede. Nunca mais tive quaisquer notícias dela.
Não tenho qualquer formação em Entomologia, mas movido pela curiosidade, descobri que as aranhas possuem uma parte do corpo chamada de cefalotórax, o qual contém o cérebro, estômago, olhos e bocas do animal (aranhas não são insetos; pertencem à classe Arachnida, e nesta, à ordem Araneae, compartilhada com ácaros, carrapatos e escorpiões). Pelo tamanho da minha pequena instrutora, imagino que o cérebro seja bem menor que uma cabeça de fósforo comum, e seu SNC (Sistema Nervoso Central), é constituído por apenas dois gânglios, ou grupos de células nervosas, que revestem seus músculos e sistemas sensoriais.
E mesmo com um aparato neural tão simples, ela demonstrou comportamentos surpreendentemente inteligentes, e (vim a descobrir depois), é capaz de aprender e a se adaptar, como quando uma teia não dá resultados, ela simplesmente a abandona e cria uma nova em outro local, que julgue mais promissor.
Uma lição importante, que acredito ter aprendido com ela, é que desde os organismos mais simples, os aparatos neurais são constituídos ao redor de objetivos (autopreservação, obtenção de alimentos, reprodução), sem os quais, seriam completamente incoerentes (respostas adequadas a um objetivo).
Graças às lições deste episódio, pude acrescentar um terceiro pressuposto, que, junto com os dois primeiros, embasam a visão geral de inteligência sobre a qual estes trabalhos são montados:
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O objetivo ao qual o sistema inteligente deve responder é seu ponto de partida
Talvez seja um conceito mais difícil de absorver, por ser “óbvio” para todos. Entretanto, tal obviedade advém do fato de todos os organismos vivos (nós, inclusive), compartilharmos um mesmo conjunto de objetivos.
Uma raça que não necessitasse de alimento, ou não se focasse na autopreservação, desenvolveria sistemas mentais bastante distintos.
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